O Instituto Auschwitz para a Paz e a Reconciliação (AIPR) está feliz em anunciar o início da segunda fase do projeto Cidadania e Democracia desde a Escola no Brasil, assim como a publicação de um produto audiovisual que mostra de forma resumida esta iniciativa. Desenvolvido em uma fase piloto durante o ano de 2018, o projeto tem contribuído para a aquisição de conhecimento e habilidades relacionados aos direitos humanos e democracia aos/às estudantes de escolas da rede pública brasileira.
Em 2018, o desenvolvimento bem-sucedido do projeto foi possível através de uma fase piloto, que ocorreu em sete escolas da rede pública de ensino do país – duas no Distrito Federal em Brasília e cinco em São Paulo – em colaboração com as Secretarias de Educação de cada um dos estados. No geral, o projeto envolveu a participação de 15 professores/as e aproximadamente 650 estudantes. Considerando o interesse exibido pelas escolas participantes e os resultados positivos desta fase piloto, o Programa de Políticas Educacionais do Instituto Auschwitz decidiu dar continuidade a este trabalho em 2019, com a intenção de consolidar e expandi-lo para futuramente poder replicá-lo em todo o país.
A formulação do projeto teve início no dia 30 de novembro de 2016, quando, em colaboração com a Procuradoria Federal dos Direitos dos Cidadãos e a Secretaria Nacional de Cidadania do Ministério de Direitos Humanos – ambos pontos focais da Rede Latino Americana para a prevenção de Genocídio e Atrocidades Massivas – o Instituto Auschwitz mobilizou uma iniciativa com o objetivo de desenhar um projeto educacional que pudesse contribuir para fortalecer a cultura de prevenção de graves violações de direitos humanos no Brasil.
Para garantir a legitimidade, relevância e qualidade da proposta, respondendo às especificidades da realidade do Brasil, em 2017 o Instituto Auschwitz organizou um processo de consulta participativa com o objetivo de discutir o desenho e o formato do projeto. No total, foram realizados 4 encontros em São Paulo e Brasília, reunindo 100 participantes de todo país, incluindo sociedade civil, educadores, jovens estudantes e funcionários públicos.
Seguindo esses processos de diálogo, foi possível avançar no desenvolvimento de uma proposta específica, focada no desenho de uma metodologia educativa para atuar em escolas públicas de ensino fundamental e médio. O objetivo central da metodologia é contribuir na criação de espaços de diálogo baseados na pluralidade e no respeito dentro das escolas. Estes espaços servirão para os/as jovens brasileiros/as desenvolverem ferramentas que os/as permitam interpretar e compreender os desafios presentes na sociedade em que vivem a partir de uma perspectiva de respeito aos direitos humanos e aos valores democráticos.
Adaptado aos marcos normativos de educação do país e diretamente envolvido com instrutores da rede pública de ensino, o projeto trabalha para ajudar a prevenir o crescimento do preconceito, da intolerância e da discriminação, fornecendo aos jovens instrumentos para a criação de uma sociedade mais tolerante, participativa e solidária.
Com a ajuda de uma consultora especialista, o Instituto Auschwitz desenvolveu um guia metodológico intitulado “Cidadania e Democracia desde a Escola” (atualmente em sua segunda versão revisada) em 2018. O caderno foi formulado para ajudar os/as professores/as na execução do projeto durante o ano escolar, dividido em duas principais etapas. A primeira etapa foi pensada para discutir uma série de temas com os/as estudantes, partindo de uma metodologia educativa participativa e aberta. Dividida em 5 eixos, esta primeira etapa trabalha as seguintes temáticas: 1) identidade e diversidade, 2) dignidade e respeito, 3) direitos humanos, 4) democracia e acesso à informação, e 5) cidadania, cooperação e solidariedade. Já a segunda etapa trabalha para estimular a participação dos estudantes através do desenvolvimento de projetos autorais em grupos, utilizando os meios audiovisuais para explorar e desenvolver seus próprios interesses e inquietudes.

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Para o desenvolvimento da fase piloto, seguindo os acordos de cooperação estabelecidos com as Secretarias de Educação de São Paulo e Brasília, em março de 2018, o Instituto Auschwitz realizou uma formação de professores para trabalhar e capacitar os/as professores/as nos temas abordados pelo projeto. Após esta formação, o Instituto Auschwitz acompanhou o processo de implementação do projeto nas escolas até a sua finalização em dezembro de 2018, momento no qual foram realizados diversos eventos para exibição dos vídeos produzidos pelos/as estudantes. Além disso, com o objetivo de aprender com este processo e avaliar os resultados, o Instituto Auschwitz estabeleceu uma estrutura rigorosa para avaliar o progresso do projeto. O processo avaliativo reuniu informações dos/as estudantes através de um questionário aplicado antes e depois da implementação do projeto, bem como por meio de pesquisas e grupos de discussão com os/as professores/as participantes.
Considerando os excelentes resultados obtidos na primeira fase, o Instituto Auschwitz e seus parceiros recentemente iniciaram a segunda fase da consolidação e expansão do projeto. Entre os dias 13-16 de março, o Instituto Auschwitz, em colaboração com a Diretoria Regional de Ensino Sul 1, organizou uma formação para 30 professores/as e coordenadores/as pedagógicos/as de 10 escolas em São Paulo. Similarmente, durante a última semana de março, o Programa de Políticas Educacionais do Instituto Auschwitz realizou duas formações em Brasília para 30 professores de 15 diferentes escolas do Distrito Federal. Esta formação foi realizada com a colaboração da Procuradoria Federal dos Direitos dos Cidadãos, do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, com a coordenação de Educação em Direitos Humanos e Diversidade, e com a Escola de Aperfeiçoamento dos Profissionais de Educação, pertencente a Secretaria de Educação de Brasília.

Em 2019 o Instituto Auschwitz prevê a participação de 70 professores/as e coordenadores/as de até 26 escolas, além de um número ainda não determinado de estudantes. Avançando, a priorização de esforços para a expansão e consolidação do projeto servirá como uma ponte para ampliá-lo para outros estados brasileiros em 2020.
Satisfeita com os recentes avanços que o projeto fez, Dr. Clara Ramírez Barat, Diretora do Programa de Políticas Educacionais do Instituto Auschwitz, disse:
A experiência de trabalhar diretamente com professores/as e estudantes do sistema público de educação no Brasil tem sido especialmente gratificante. Em um momento de polarização social, como o contexto atual, ser capaz de trazer diversas temáticas para a sala de aula de uma forma responsiva e respeitosa constitui uma importante iniciativa. Isto também explica os motivos pelos quais a proposta tem sido tão bem recebida, não somente pelos professores e estudantes, mas também por profissionais e especialistas que trabalham esses temas. As expectativas para 2019 são muito positivas, e estamos muito animadas para continuar trabalhando na criação de contextos escolares mais plurais e inclusivos, que demonstrem a importância de buscar a prevenção através da educação.